A coleta da castanha é uma atividade produtiva e tradicional, faz parte de nosso manejo ecológico e seus frutos são nosso alimento
A coleta da castanha é uma atividade tradicional do Povo Mẽbêngôkre-Kayapó que envolve a grande maioria das aldeias e de suas comunidades durante o período da chuva, que geralmente vai de dezembro ao mês de março. A AFP apoia a atividade desde 2005 por acreditar que a exploração deste recurso representa não apenas uma das opções mais promissoras para a geração de renda de forma sustentável, mas também por ser uma atividade que promove e valoriza a cultura, além de complementar a dieta alimentar indígena.
A atividade contribui também com a proteção territorial, pelo fato dos castanhais estarem dispersos por vastas áreas do território, o que estimula a nossa circulação pela Terra Indígena, inibindo a prática de atividades ilegais e predatórias por terceiros. A longa permanência das famílias nos acampamentos de coleta proporciona a oportunidade para a transmissão de conhecimentos dos mais velhos aos mais novos, contribuindo para o fortalecimento da cultura e do modo ser indígena.
Em termos de estruturação da cadeia produtiva, encontramos um modelo que responde à realidade da região, da cultura Mẽbêngôkre-Kayapó e as exigências do mercado. A AFP possui hoje um galpão para armazenamento da castanha na beira do Riozinho em local com acesso por terra (porto conhecido como P9) e um galpão em nossa sede, na cidade de Tucumã, para poder vender a castanha fora da safra, quando os preços são mais altos. Construimos mais um galpão para armazenamento temporário de castanha (durante a safra) na localidade conhecida como Krãyry, no médio Riozinho. Ao chegar na cidade, a castanha coletada pelas famílias Mẽbêngôkre-Kayapó é comprada pela CooBaY com pagamentos à vista e por valor sempre acima do mercado durante a safra.
No final de 2015 demos início a um importante passo para agregar valor a nossa castanha. Através de uma parceria com a CAMPPAX, passamos a realizar a quebra da castanha para sua venda descascada e embalada à vácuo. O produto foi lançado em 2016, em embalagem própria da AFP e com selo de certificação de produto da sociodiversidade do Xingu, o selo Origens Brasil. Esta certificação está sendo feita em parceria com o Imaflora. Nossa castanha, além de saborosa e nutritiva, é 100% proveniente de castanhais nativos e coletada de forma tradicional gerando renda para centenas de famílias Mẽbêngôkre-Kayapó.
Veja a seguir o filme PI'Y, uma realização da Associação Floresta Protegida, o Coletivo Beture e o cineasta Simone Giovine:
Sinopse:
"Foi o guerreiro Omre que, através do canto da arara, descobriu a castanha para ser o alimento de nossos antepassados."
Realização: AFP, Coletivo Beture, Aldeia Kedjerekrã
Produção Executiva: Adriano Jerozolimski, Fernando Niemeyer
Direção e fotografia: Simone Giovine
Câmera Adicional: Motere Kayapó
Traduções: Bepunu Kayapó
Edição: Lincoln Santos
Produção: Nilson Salles, Motere Kayapó