A Feira contou com a presença de 16 povos que trouxeram à aldeia Mojkarakô na TI Kayapó suas sementes, artesanatos e saberes para trocar
“Estamos aqui trocando sementes, mas ao mesmo tempo nossa cultura está se fortalecendo, temos essa preocupação de que nossos costumes não venham a acabar, então estamos aqui presentes com objetivo de mostrar nossa cultura para as crianças, para que a juventude possa aprender, para que nossa gente, nosso povo seja mantido e preservado. Eu estarei sempre lutando por isso”, disse Tuire durante a I Feira Mẽbêngôkre de Sementes Tradicionais.
Entre os dias 3 e 7 de setembro de 2012 a AFP e a aldeia Mojkarakô realizaram a I Feira Mẽbêngôkre de Sementes Tradicionais. O encontro na Terra Indígena Kayapó, reuniu 16 etnias do Brasil. Cada uma com suas sementes, artesanatos, saberes e experiências para trocar e compartilhar entre os povos participantes. Além de agricultores e lideranças, também participaram representantes do governo e de organizações da sociedade civil num encontro inédito para a valorização e fortalecimento da cultura e dos conhecimentos tradicionais dos povos indígenas. Nesta edição, representantes de povos como os Kawaiwete (Kaiabi), Krahô, Apinajé, Canela, Karajá, Kisẽdjê, Huni Kuĩ (Kaxinawá), Wajãpi, Galibi, Karipuna, Parakanã, Xikrin, Xavante, Xucuru e Tapayuna puderam expor e trocar sementes de variedades tradicionais de milho, algodão, fava, mandioca, cana e muitos outros cultivares. Um dos objetivos do encontro foi criar uma rede de articulação regional que permitisse o resgate de espécies esquecidas, a troca entre as diferentes comunidades e oferecer uma fonte concreta de geração de renda. Como encaminhamento, elaborou-se uma carta com uma série de reivindicações que pode ser conferida a seguir.
“Nessa grande reunião, a Feira de Sementes realizada na minha aldeia Moikarakô, conseguimos juntar muitas etnias e lideranças. Eu fico muito feliz quando conseguimos juntar muitas forças para ajudar e defender nossos direitos e costumes. Os senadores, deputados e a presidente estão passando por cima dos nossos direitos. Essa portaria da AGU é muito ruim para todos nós, está ameaçando a nós, índios, e à Amazônia. Isso não pode acontecer, senão o Brasil não vai conseguir mais respirar. Esse carbono que estamos defendendo é para segurar o pulmão do Brasil”, frisou o cacique Akjabôrô da aldeia Moikarakô.
Dando prosseguimento ao projeto, em 2016 realizamos a II Feira Mẽbêngôkre de Sementes Tradicionais, voltada para demandas internas da T.I Kayapó, reunindo representantes de todas as aldeias Kayapó, o poder público, instituições parceiras da AFP e o povo Krahô, nossos convidados especiais, os precursores das feiras de sementes no Brasil. Mais de 50 variedades diferentes de sementes tradicionais foram apresentadas. Uma ação fortalecida pelas mesas redondas realizadas com temas ligados à recuperação de sementes tradicionais e ao fortalecimento da nossa autonomia por meio da valorização dos sistemas produtivos tradicionais. Discussões sobre políticas públicas e programas de incentivo à produção agrícola e à gestão territorial e ambiental, além de outras pautas ligadas à nossa causa, contaram como momentos importantes de formação e articulação política que resultou em carta-manifesto que pode ser lida nos anexos.
O Cineasta Kisedje com apoio do coletivo Beture produziram um filme sobre o evento, que pode ser assistido aqui:
Veja fotos e mais informações no nosso blog.
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