Organizado de forma colaborativa entre a equipe técnica da AssociaçãoFloresta Protegida  com  a coordenação indígena de Ô-é Paiakan Kaiapó, o evento contou com o financiamento dos Projetos Our FutureForests - Amazônia Verde/Conservação Internacional, Tradição e Futurona Amazônia/Petrobrás Socioambiental e Gestão Sustentável dosTerritórios Kayapó-Panará no Sudeste da Amazônia, que faz parte  doProjeto Legado Integrado daRegião Amazônica - LIRA, peloInstituto Ipê. 

O Encontro contou com a presença de convidadas especiais: Vivian Fraga daConservação Internacional,Beatriz Ribeiro da Rede Xingu+ - Instituto Socioambiental e Samya Frazão da Associação Xikrin doBacajá - ABEX. Entre as participantes estiveram Ngrenhkarati Xikrin, cacica de sua aldeia Cateté que foi para trocar experiências sobre o seu trabalho com artesanato na Cooperativa Xikrin e sua trajetória de organização nomovimento indígena. Também protagonizaram Tânia Paiakan Kaiapó e Maial Panhpunu Paiakan Kaiapó, que conduziram junto a Ô-é Paiakan Kaiapó a mediação do encontro e trocaram experiências sobre sua trajetóriano movimento indígena nacional, internacional e na política mẽbêngôkre.

Com o objetivo de fortalecer o protagonismo feminino mẽbêngôkre nos espaços de atuação da Associação Floresta Protegida, de decisão em diversas instâncias do movimento indígena nacional e nos espaços de defesa dedireitos, refletiu-se sobre temas pertinentes para o cotidiano e o futuro das comunidades mẽbêngôkre, assim comosobre ações que visem o fortalecimento desse protagonismo no movimento indígena e na política mẽbêngôkre de forma geral, de modo a garantir o cuidado, a conservação da terra e o bem viver para as futuras gerações.

As mulheres são os membros dacomunidade que sabem melhorque ninguém o que acontece nas aldeias, nos rios, florestas e cerrados. Sabem muito bem oque é melhor para suas famílias.São mulheres fortes, Tyj Kumrej, e também querem lutar para defender seus direitos e territórios. Sua luta é séria e não estão de brincadeira, querem participar das instâncias de controle e decisão, tendo voz e voto, podendo tomar decisões dialogadas com os homens.

Programou-se aelaboração deum diagnósticosobre aparticipação evisibilidade daparticipação demulheres nasatividadesexecutadas pelaAssociação Floresta Protegida em seus diversos projetos, que acabou por colocar em evidência uma lacuna de participação nos espaços de decisão da associação, assim como o forte desejo, por parte das mulheres, de autonomia e de maior participação nos projetos desde sua concepção. Para esse fim, discutiu-se a respeito da possibilidadede criar uma nova organização para mulheres e/ou um departamento de mulheres na Associação FlorestaProtegida. Sobre o qual ficou decidido que seriam ocupados espaços em ambas iniciativas.

Ô-é Paiakan Kaiapó fez uma apresentação sobre a história do movimento indígena mẽbêngôkre desde a décadade 1980, assim como sobre a trajetória de luta de seus pais e avós na conquista dos direitos indígenas naConstituição federal e no processo de demarcação da TI Kayapó. Maial Panhpunu Paiakan Kaiapó fez uma apresentação sobre os artigos 231 e 232 que  versam  sobre  os  direitos  indígenas  na  Constituição  Federal  de 1988, assim como sobre os projetos de lei que estão em pauta no congresso que ameaçamos direitos indígenas,tais como o PL 191 que deseja liberar a exploração predatória dasTerras Indígenas, o PL 490 que limita a demarcação de Terras Indígenas e o Marco Temporal, cujo julgamento que estava previsto noSTF para o dia 23 de Junho que foi adiado sem previsão de retorno. De acordo com as mulheres, cabe agora às novas gerações, estudar paragarantir esses direitos conquistados e proteger a terra demarcada.

Carta Aberta: https://florestaprotegida.org.br/biblioteca/62cdd5da724da27e35b25c03

Carta ao Lula: https://florestaprotegida.org.br/biblioteca/62cdd85f724da27e35b25c04