Oficina “Narrativas Digitais” promove formação bilíngue em comunicação indígena e fortalece o protagonismo fotográfico e audiovisual na Terra Indígena Las Casas

Brasília, abril de 2025. O horizonte amanhece pintado de urucum e jenipapo. Uma multidão indígena avança em marcha pelas avenidas que abrigam os palácios dos três poderes, entoando cantos ancestrais que atravessam séculos de resistência. Entre os mais de 8 mil participantes da 21ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), realizado de 7 a 11 de abril, está uma das presenças da mobilização: o povo Mẽbêngôkre (Kayapó), com suas delegações vindas de diferentes regiões da Amazônia brasileira. Com cartazes, faixas, cocares e corpos pintados, os Mẽbêngôkre reafirmaram em Brasília seu papel central na luta pela defesa dos territórios indígenas e contra o avanço da agenda anti-indígena que hoje ameaça suas conquistas constitucionais.

Entre 17 e 27 de fevereiro de 2025, uma oficina intercultural reuniu professores indígenas e consultores especializados para promover uma revisão abrangente do livro de Matemática Mẽbêngôkre, intitulado “Mỳja kuni ’ã akre kôt mari kadjy”. Essa atividade integra a produção de material didático bilíngue no Programa de Formação Complementar de Professores Mẽbêngôkre, vinculado ao Plano Básico Ambiental (PBA) do empreendimento Onça Puma da VALE S.A. A execução é feita pela Associação Floresta Protegida, no âmbito do Componente Indígena de seu licenciamento ambiental. O encontro, que teve como propósito fundamental alinhar o material didático às especificidades culturais, linguísticas e pedagógicas do povo Mẽbêngôkre, representando um passo decisivo na consolidação de um ensino bilíngue que respeita e valoriza a identidade cultural.